Xangô cumpre a promessa feita a Oxum
Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: "- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre."
Lenda tirada do livro
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001
Xangô torna-se Orixá
Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres Iansã, Oxum e Obá , muitos servos, exércitos, gado e riquezas,sempre preocupado em fazer guerra, procurava uma formula para derrotar seus inimigos. Certo dia, ele subiu em uma colina, afim de testar um novo feitiço que inventara. Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos muito fortes e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido. Ele correu para lá e viu que não havia sobrado nada, e muitos de seus súditos aviam morrido. Desesperado, Xangô se refugiou em um lugar distante Iansã correu junto com ele, passado o tempo Xangô não conseguindo agüentar tanta tristeza, bateu com força brutal os pés no chão e afundou pela terra, indo para o Orum, Iansã fez o mesmo na cidade de Irá seguida por Oxum e Obá. Desde então Xangô vive no trovão enquanto Iansã, Oxum e Obá correi com os rios, surgiram assim novos Orixás.
Lenda tirada do livro
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001
Xangô é condenado por Oxalá comer como os escravos
Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade. Oxalá era velho e lento, Por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio. Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio. E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela. Era Oiá! Era o amalá do rei que ela preparava!
Xangô não resistiu à tamanha tentação. Oiá e amalá! Era demais para a sua gulodice, depois de tanto tempo pela estrada. Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas. Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.
Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos. Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá. Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu. Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô. Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida.
Nunca mais pode Xangô comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Xangô comer em alguidar de cerâmica. Xangô só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado e como comem os escravos.
Lenda tirada do livro
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001