Lendas de Oxumare

Oxumare

Oxumare

 

Arrobo Boi!

 

Oxumaré era, antigamente, um adivinho (babalaô).

O adivinho do rei Oni.

Sua única ocupação era ir ao palácio real no "dia do segredo";

dia que dá início à semana de quatro dias dos iorubas.

O rei Oni não era um rei generoso.

Ele dava apenas, a cada semana,

uma quantia irrisória a Oxumaré que,

por esta razão, vivia na miséria com a sua família.

O pai de Oxumaré tinha um belo apelido.

Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes".

Mas, tal como seu filho, ele não tinha poder.

As pessoas da cidade não o respeitavam.

Oxumaré, magoado com esta triste situação, consultou Ifá.

"Como tornar-se rico, respeitado,

conhecido e admirado por todos?"

Ifá o aconselhou a fazer oferendas.

Disse-lhe que oferecesse

uma faca de bronze, quatro pombos e

quatro sacos de búzios da costa.

 

No momento que Oxumaré fazia estas oferendas,

o rei mandou chamá-lo.

Oxumaré respondeu:

"Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia".

O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré,

recriminou-o e negligenciou, até,

a remessa de seus pagamentos habituais.

 

Entretanto, voltando à sua casa,

Oxumaré recebeu um recado:

Olokum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo

a respeito de seu filho, que estava doente.

Ele não podia manter-se de pé, caía,

rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro.

 

Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olokum

e consultou Ifá para ela.

Todas as doenças da criança foram curadas.

Olokum, encantada com este resultado,

recompensou Oxumaré.

Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de um rico tecido.

Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo,

com o qual Oxumaré retornou à sua casa, em grande estilo.

Um escravo fazia rodopiar um guarda-sol sobre a sua cabeça

e músicos cantavam seus louvores.

 

Oxumaré foi saudar o rei.

O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe:

"Oh! De onde viestes?

De onde saíram todas estas riquezas?"

Oxumaré respondeu-lhe a rainha Olokum o havia consultado.

"Ah! Foi então Olokum que fez tudo isto por você!"

Estimulado pela rivalidade,

o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho,

acompanhada de muitos outros presentes.

Assim, Oxumaré tornou-se rico e respeitado.

 

Entretanto, Oxumaré era amigo de Chuva.

Quando Chuva reunia as nuvens,

Oxumaré agitava sua faca de bronze

e a apontava em direção ao céu,

como se riscasse de um lado a outro.

O arco-íris aparecia e Chuva fugia.

Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!"

Oxumaré tornou-se muito célebre.

 

Nesta época, Olodumaré o deus supremo,

aquele que estende a esteira real em casa

e caminha na chuva,

começou a sofrer da vista e nada mais enxergava.

Ele mandou chamar Oxumaré

e o mal dos seus olhos foram curados.

Depois disto, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse à Terra.

 

Desde este dia, é no céu que ele mora

e só tem permissão de visitar a Terra a cada três anos.

É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas.

 

 

lenda tirada do livro 

(Lendas Africanas dos Orixás) do altor

Pierre Fatumbi Verger/ Caribé - Editora Corrupio